Acabei me extendedo demais no parágrafo acima.
O que eu quero falar mesmo é que tem gente que é tão inteligente que se torna sencacionalmente maluca. É, na minha opinião, o caso de Tom Zé, de quem eu acompanho já há algum tempo o trabalho musical e escrito. E minha muito sexy amiga Tai que, por saber de meu gosto pela leitura ,pela escrita e por Tom Zé, bem como de minha ânsia de voltar pro meu país (pra quem não sabe, eu moro na Espanha há quase dois anos e to voltando pro Brasil em agosto), dia desses me mostrou um texto dele que eu achei fantástico:
"NASCENDO
Só mesmo com vocês eu posso dividir uma ideia destas:
Os fenícios, blá-blá-lá, inventaram o alfabeto fonético, blá-blá-blá, levaram para a Grécia no século X a.C.,etc.
Agora, o que eu pensei: imagine que deve ter sido um cara ou no máximo
uma turma que inventou essa coisa inacreditável que é um traço gráfico
para cada som que o ser humano é capaz de produzir. Imagino o cara
sentado a uma mesa velha, e experimentando: a, é, i, ó, u. Aí ele teve
uma descoberta incentivadora: incluindo o som ê, ô, e ï, o cara
descobriu que os sons vocálicos são, no máximo, 10. Aí ele pensou: vou
inventar um desenho, um traço, para o som a...
Bem, ele passou uns 10 pondo som nisso e naquilo, os traços, e foi para os sons martelados das consoantes, t, p, d.
Depois de uns dias, um tempo, ele resolve escrever o som de uma palavra
inteira. Já pensou que vertigem esse cara teve nessa hora em que ele ia
fazer essa tentativa? E ele escreveu a palavra casa. Olhou para aquilo
espantado com sua própria ousadia e ficou pronunciando: casa, casa,
casa. Como se sua própria boca fosse um aparelho dos diabos.
Eu pergunto: será que ele tinha ideia de que estava fazendo uma das
maravilhas da humanidade, uma coisa que transformaria o mundo?
Bem, o fato é que ele virou para a namorada ou namorado e disse: -
Venha ver, escrevi o som da palavra casa. Ao que a criatura respondeu: -
Ah, vá procurar o que fazer, tô aqui ocupada com a arrumação da casa.
E perdeu a oportunidade de ser a segunda pessoa a ter contato com –
repito, porque não há expressão melhor – a maior maravilha que o ser
humano já produziu."
Como comentei com Tai (que nem sabe ainda, mas vai ter algo publicado aqui qualquer dia desses), o texto pra mim é uma exaltaçao tanto à escrita quanto à palavra "casa", no sentido de lar, local onde pertence. Essas duas coisas pra mim são essenciais na vida de qualquer um. Fiquei feliz pra caramba de saber que ela associou este texto à minha pessoa.
A indicaçao de hoje vai para o Blog do Tom Zé, que há pouco tempo se tornou um de meus "livros de cabeceira" e também ao documentário Palavra Encantada, que une uma legião de músicos, entre eles Tom Zé, pra falar da música brasileira. Encontrei na íntegra no youtube e se quiser ver só um trecho, indico o do min 17:42 ao 19:10, que tem algo a ver com o post:
Tempo comeu tempo
Anoitou, dia diou
Vento soprou vento
E o verão desinvernou
(Gilberto Gil - A Moreninha)
(Gilberto Gil - A Moreninha)
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